segunda-feira, 30 de novembro de 2015

NATAL EM FAMÍLIA 2015 - 1º dia : O ANO DA MISERICÓRDIA





. Acolhida/animador                . Canto à escolha           

 . Oração de abertura:
T – Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
A  - Vamos a Belém ver o que lá se realizou.
T – Senhor, vamos seguir a estrela da paz.
A – O caminho nos convida à reflexão.
T – O Vosso amor, Senhor, não tem limites.
A – Há muito que esperamos um Redentor.
T – Terá a Vossa promessa, Senhor, se concretizado?
A – A salvação chegou e está numa simples gruta.
T – Senhor, nós Vos louvamos por tanta bondade.
A – A humanidade está em festa. O universo celebra.
T – É tempo de perdão, de partilha, de alegria.
A – Deus assumiu a nossa carne, fez-se um de nós.
T – Sois o Deus Conosco. O céu veio à Terra.
A – Olhemos: ali estão Maria, José e o recém-nascido.
T – Viva o nosso Deus! Viva o nosso Libertador!
A – Este Menino foi anunciado pelos profetas.
T – Bem-vindo, Senhor! Nós Vos adoramos e bendizemos.
A – Ele quis nascer e crescer numa família humana.
T – Sois um conosco: o Criador fez-se criatura por amor.
A – Maria é a Mãe, a que disse “sim” a Deus.
T – Louvado sois, Senhor, pela vossa e nossa Mãe.
A - José, homem de fé, colocou-se a serviço de Deus.
T – Obrigado, Senhor, pelo pai a quem confiastes vosso Filho.
A - O Menino está dormindo enquanto olha por nós.
T – Vós sois o rosto da misericórdia de nosso Deus.
A – Tudo nele é expressão e realização de uma promessa.
T – Não fomos abandonados; o Senhor está aqui. Aleluia!
A – Quem poderia imaginar que tudo isso acontecesse?
T – Vós Senhor, nos surpreendeis com Vossa ternura.
A – Aceitai o nosso carinho, o nosso coração em festa.
T – Nós Vos adoramos, Senhor da Vida em plenitude.
A – Viemos para vê-lo, para acolhê-Lo entre nós.
T – Abençoai este nosso encontro. Viemos para ficar.
A – Estamos aqui para partilhar Convosco o que somos e temos.
T – Só Vós sois o nosso Deus e Senhor! Amém!
I – SIGAMOS A ESTRELA!
A – Uma estrela brilha, indicando um caminho.
T – “Os céus cantam a glória de Deus, e o firmamento proclama a obra de suas mãos” (Sl 19,2)
A – Vamos segui-la. Deus tem algo para nos mostrar.
T – “Guia-me com tua verdade, pois tu és o meu Deus salvador” (cf. Sl 25, 4-5)
A – As palavras do profeta enchem os nossos corações de alegria.
T – “Eis que a jovem está grávida e dará à luz um filho” (Is 7,14)
A – Cantemos com alegria, celebrando a misericórdia de Deus.
T - (cantando) Nosso Natal será abençoado/ pois o Senhor vai derramar o seu amor.// Derrama, ó Senhor/ derrama, ó Senhor,/ derrama sobre nós o seu amor. (2 x)
II – O ANO JUBILAR
L 1 – O Papa Francisco convidou a todos os católicos e pessoas de boa vontade para celebrarem um Jubileu Extraordinário da Misericórdia, de 8 de dezembro deste ano até 20 de novembro de 2016. Mas que é um jubileu?
T – “É um tempo que nos faz ouvir aquela linguagem vigorosa que Deus usa, na sua pedagogia de salvação, para impelir a pessoa à conversão e à penitência, princípio e caminho para a amizade com Deus” (cf. João Paulo II, Ircarnationis mysterium, n.2)
L 2 – Inspirado e fundamentado na Sagrada Escritura, o Ano Jubilar era celebrado a cada cem anos. Atualmente é celebrado a cada vinte e cinco anos. Mas o Papa tem o poder de convocar anos jubilares extraordinários. É o que fez o Papa Francisco.
T“Decidi proclamar um jubileu Extraordinário que tenha no seu centro a misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia” (13/03/2015)
L 3 – Acostumados a olhar para Deus com medo, nos afastamos Dele e deixamos de fazer a experiência maravilhosa de descobrir o quanto somos amados por Ele.
T – “O amor apaixonado de Deus pelo seu povo, pelo ser humano, é, ao mesmo tempo, um amor que perdoa. E é tão grande que chega a virar Deus contra si próprio, o seu amor contra a sua justiça” (DCE 10).
III – ESCUTEMOS O PAPA FRANCISCO
A – “O Ano Santo da Misericórdia deverá manter vivo o desejo de expor os inúmeros sinais da ternura que Deus oferece ao mundo inteiro, e sobretudo a quantos estão na tribulação, vivem sozinhos e abandonados, e também sem esperança de ser perdoados e sentir-se amados pelo Pai.
T – Um ano Santo para sentirmos intensamente em nós a alegria de ter sido reencontrados por Jesus, que veio, como Bom Pastor, à nossa procura, porque nos tínhamos extraviados.
A – Um Jubileu para nos darmos conta do calor do seu amor, quando nos carrega aos seus ombros e nos traz de volta à casa do Pai” (13/03/2015).
IV – A SAGRADA ESCRITURA ENSINA
- Canto (à escolha) de acolhida da Palavra.
- O leitor 1 proclama o texto de Lucas 15, 4-7.
         “Se um de vocês tem 100 ovelhas e perde uma, será que não deixa as 99 no campo para ir atrás da ovelha que se perdeu, até encontrá-la? E quando a encontra, com muita alegria a coloca nos ombros. Chegando em casa, reúne amigos e vizinhos, para dizer: ‘Alegrem-se comigo! Eu encontrei a minha ovelha que estava perdida’. E eu lhes declaro: assim, haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão.” ϯ Palavra da Salvação!

V – A MISERICÓRDIA
L 2 – A palavra “misericórdia” significa “compaixão”. É agir com o coração e com a razão. É tendo o direito de exercer a justiça, deixá-la e trocá-la pelo perdão. É ir além daquilo a que se tem direito para fazer o bem, mesmo tendo recebido o mal. Ninguém demonstrou mais misericórdia do que Deus; em Jesus Ele trocou a justiça pelo amor, para nos salvar.
T – “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação” (2Cor 1,3).
VI – VAMOS REFLETIR PARA AGIR
1 – Qual os significado da palavra “misericórdia”?
2 – O que é o Ano Jubilar da Misericórdia?
3 – Que lição de misericórdia aprendemos com a parábola da ovelha perdida?
4 – No mundo, hoje, existe pouca ou muita misericórdia? Justifique sua resposta.
VII – CONCLUSÃO
- Preces espontâneas. Depois de cada uma delas, reza-se junto: Dai-nos Senhor, um coração misericordioso.
. Comunicados                                     . Canto                         . Oração e bênção                       
Oração da Família (Pe Zezinho)
Que nenhuma família comece em qualquer de repente/ Que nenhuma família termine por falta de amor/ Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente/ E que nada no mundo separe um casal sonhador!/ Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte/ Que ninguém interfira no lar e na vida dos dois/ Que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte/ Que eles vivam do ontem, do hoje em função de um depois./ Que a família comece e termine sabendo onde vai/ E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai/ Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor/ E que os filhos conheçam a força que brota do amor!
Abençoa, Senhor, as famílias! Amém!/ Abençoa, Senhor, a minha também/ Abençoa, Senhor, as famílias! Amém!/ Abençoa, Senhor, a minha também.
Oração Final:
A – Senhor, como é bom estarmos Convosco.
T – Obrigado porque viestes ao nosso encontro.
A – Vosso amor nos surpreende: é eterno.
T – Obrigado porque nos trouxestes a salvação.
A – Nunca vimos um amor igual ao Vosso.
T – Vossa encarnação dá sentido ao que somos.
A – O universo proclama a Vossa misericórdia.
T – Acolhei-nos e dai-nos uma vida nova.
A – Peçamos a bênção do menino Jesus por esta família que nos recebe e acolhe em seu lar.
T(Estendendo uma das mãos) Senhor,/ que viestes até nós/ nascendo numa família,/ abençoai esta casa/ e todos os que aqui moram./ Tenham o pão de cada dia;/ e que a paz esteja em seus corações./ Vinde a este lar/ e acompanhai a cada um/ em todos os momentos/ de alegria e de tristeza,/ de saúde e de doença,/ de trabalho e de lazer./ À Vossa misericórdia confiamos esta família, ó menino Jesus./ Amém.
A – Peçamos que as crianças recebam do Menino Deus tudo o que precisam para serem felizes e assim alegrarem os seus pais e demais familiares.
T(Estendendo uma das mãos) Senhor,/ abençoai estas crianças,/ para que cresçam como Vós crescestes,/ em idade, sabedoria e graça./ Acompanhai-as em todas as suas atividades,/ e protegei-as de todos os males./ Amém.
.- Rezam-se um Pai-Nosso e uma Ave-Maria.
A – Oremos pedindo que o Senhor abençoe a todos nós:
T – “O Senhor nos abençoe e nos guarde!/ O Senhor faça resplandecer o seu rosto misericordioso sobre nós!/ O Senhor nos mostre a sua face e nos conceda a sua paz!/ Amém! (cf. Nm 6, 24-26)
Durante o canto pode-se aspergir as pessoas e a casa com água benta. Para tanto observem-se as normas da Diocese.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

NATAL EM FAMÍLIA - 1º Encontro no residencial Jardim América

     Participamos com a Comunidade Aparecida do início dos encontros do Natal em Família, no residencial Jardim América, com o 1° encontro na residência da Srª Neuly, com o tema: " O ano da misericórdia".



terça-feira, 17 de novembro de 2015

NATAL SEM FOME 2015 - CAMPANHA DE EVANGELIZAÇÃO E SOLIDARIEDADE


 Na noite de ontem, no salão São Francisco, aconteceu o lançamento da Campanha de Evangelização e Solidariedade Natal sem Fome, com o tema: "Partilha: presença da misericórdia de Deus". Este ano mais uma vez, a Paróquia São Sebastião está coordenando a campanha.

Fala de Frei Hermano

Fala de nosso pároco, Frei Santos 

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

NATAL EM FAMÍLIA - 1º Encontro na Comunidade Aparecida - O ANO DA MISERICÓRDIA

     Na noite de ontem, participamos do 1º encontro do Natal em Família, na residência do Sr. Moisés e Srª Francisca, refletindo o sub-tema: "O ANO DA MISERICÓRDIA".


 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

AS IDEOLOGIAS FAZEM SUAS VÍTIMAS



A astúcia dos ideólogos vem permitindo que, até dentro da Igreja, por conta do relativismo, muitos deixem de dar a devida importância sobre essas questões que aqui estamos tratando.

     Nesta semana, exatamente em 28 de outubro, celebramos os dez anos de fundação do nosso Movimento Legislação e Vida, na Diocese de Taubaté, na cidade de São Bento do Sapucaí, atendendo ao apelo feito pelo papa São João Paulo II na encíclica Evangelium Vitae, exortando-nos para afirmar a cultura da vida, em meio a forças tão adversas que se intensificam contra a vida e a família, forças também anticristãs, que requer de nós maior oração e vigilância e ainda ação propositiva [ora et labora], para o combate que se faz necessário a esta conjura contra a vida, que vem assumindo proporções enormes, em nossos dias, e em quase todas as partes do mundo. Daí ser significativo o nome do movimento que organiza esse encontro, que se propõe à reflexão de aspectos dessa conjura contra a vida, expressa em “ideologias do mal”, que exige de nós prontidão, disponibilidade, solicitude, fidelidade ao chamado do Senhor, ao Evangelho da Vida, que requer de nós que estejamos em “sentinelas”, com a lareira acesa, empunhado com o archote da vida, pois será cobrado de nós, sabemos disso, de cada um de nós, enquanto cristãos, do nosso posicionamento diante dos desafios que aí estão, da nossa resposta ao chamado do Senhor pela defesa da vida e da família.
     Sabemos que a cultura da morte, forjada, fomentada e disseminada por potências econômicas e políticas [cujo diagnóstico de suas causas históricas e pressupostos filosóficos tem sido explicitado em várias exposições públicas feitas ultimamente e estão disponíveis no Youtube], por isso, quero aqui, neste encontro, junto com o meu professor de Bioética, dom Antonio Augusto Dias Duarte, recentemente integrado à Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, fazer uma breve reflexão sobre a questão da ideologia, e como nós, enquanto Igreja somos chamados a enfrentar a cultura da morte, combatendo a ideologia que dá expressão a esta cultura, uma ideologia contextualizada “na grande crise moral do mundo ocidental, considerado como o mundo cristão”, uma ideologia que se volta contra a natureza humana, a verdade sobre a realidade do que é o ser humano; uma ideologia portanto, inumana e anticristã, porque os fatos comprovam que o cristianismo é o que está mais comprometido com a defesa da dignidade da vida humana, em toda a sua inteireza. E como toda ideologia, que parte de falsas premissas filosóficas, torna-se perigosa pelo seu efeito de corrosão dos valores humanos, pelo seu poder de destruição, de condenação a um estilo de vida equivocado, que trai o verdadeiro sentido da vida, seduzindo os incautos a uma falsa concepção de liberdade, que de modo algum resulta na felicidade, pelo contrário, na angústia de um desvio, que resulta no próprio absurdo, da vida sem sentido, sem direção à sua verdadeira finalidade.  Por isso, o cristianismo se opõe a estes enganos, porque “a condenação é o antônimo da salvação”, e a “soteriologia cristã é uma soteriologia da vida em plenitude [na dimensão última e definitiva, por isso rezamos no Credo: “Cremos na vida eterna], esta que é a soteriologia do Divino Amor. E mesmo sabendo que “embora de corpo e alma totalmente voltado para a vida eterna, para a felicidade que se encontra no próprio Deus, o Cristianismo, e especialmente o cristianismo ocidental, nunca se mostrou indiferente em face do mundo. Sempre esteve aberto ao mundo, às suas interrogações, às suas inquietudes, às suas expectativas”. Por isso a nossa convicção, e a nossa esperança, com o realismo cristão, de que – como disse Ratzinger – “a fé cristã tem muito mais futuro do que as ideologias que a convidam a abolir a si mesma”. Sabemos disso e cremos nisso firmemente.
     Por isso, quando falamos de vida, da cultura da vida, nos referimos à verdade da vida plena, que começa aqui a ser edificada e decidida, pois começamos aqui o que seremos na eternidade. E as ideologias que se ancoram na falsidade e no abuso de poder, comprometem o corpo e a alma do ser humano [a pessoa por inteiro], e é justamente isso, na atual fase de conjura contra a vida, que os forjadores de tais ideologias querem atingir: o âmago do que somos e à verdadeira felicidade em nossa destinação final, pois destinados estamos todos à vida eterna,  somos então chamados hoje, enquanto Igreja, a discernir aqui e agora, sobre tais enganos e perigos, e a tomar a decisão pela vida [“Escolhe, pois a vida!”, Det. 30, 19], a afirmar a cultura da vida, no combate a estas ideologias, especialmente, a ideologia de gênero.
     Para Jorge Scala, é “a ideologia mais radical da história”, que visa destruir “o ser humano em seu núcleo mais íntimo”, e também “é a mais sutil porque não procura se impor pela força das armas (…) mas utilizando a propaganda para mudar as mentes e os corações dos homens”. E ainda porque “é necessariamente ambígua. Utiliza o engano como um meio imprescindível para alcançar sua finalidade. A razão é óbvia: aquele que pretende usar os outros em seu próprio benefício não pode dizê-lo abertamente”. Daí utiliza-se da “manipulação da linguagem”, daí a profunda revolução cultural em curso, pois “a cultura tem como base a linguagem, que é um dado natural, só próprio do ser humano”.
     E tudo isso para promover uma reengenharia social global, alterando o significado das coisas, atribuindo novos significados às palavras, mudando-lhes o conteúdo, para evitar toda e qualquer resistência consciente à esta agenda antivida e antifamília, a agenda de gênero (que emergiu a partir dos anos 90, nas grandes conferências internacionais da ONU), agenda esta que pretende implementar “em todos os programas, em todos os níveis e em todos os países”, e “impor uma nova antropologia, que é a origem de uma nova cosmologia e que provoca uma mudança total nas pautas morais da sociedade”, aliás uma agenda inteiramente amoral e imoral, imbuída de darwinismo social e eugenismo, por uma lógica que faz da ideologia de gênero “uma ferramenta de poder”, vulnerabilizando as pessoas, fragilizando-as, destituinda-as de humanidade, atomizando a sociedade, para o melhor controle e manipulação social. Por que tais ideologias, ao se utilizarem da manipulação para seus fin, exercem a pior forma de poder, e a pior forma de violência; pois, como explicou Mário Stoppino, “a manipulação é um fenômeno unívoca e insofismavelmente negativo. Entre todas as formas de poder, é ela que acarreta mais grave condenação moral. Tem-se afirmado, por exemplo, que ela constitui a face mais ignóbil do poder’ é a forma mais inumana de violência’ ou quem dela é vítima, ‘é espoliado da alma’”. E a ideologia de gênero provoca justamente isso: a ‘espoliação da alma’ ao violentar o corpo, negando a verdade de sua natureza, enquanto natureza humana. Há aí a transgressão.
     Daí que a “grande crise moral do mundo ocidental, considerado cristão” é decorrente da corrosão provocada por tais ideologias, e de modo mais grave pela ideologia de gênero: uma crise que ameaça a família, “até nas suas próprias bases. ”Crise que se agudizou quando tais ideologias visaram minar a unidade familiar, o que sublinhou o papa Bento XVI, no discurso de Natal à Cúria Romana, em 2012, falando sobre “a profunda falsidade” da ideologia de gênero, dizendo que “na questão da família, não está em jogo meramente uma determinada forma social, mas o próprio homem: está em questão o que é o homem e o que é preciso fazer para ser justamente homem”.
Ainda naquele pronunciamento, ele ressaltou:
     “Se antes tínhamos visto como causa da crise da família um mal-entendido acerca da essência da liberdade humana, agora torna-se claro que aqui está em jogo a visão do próprio ser, do que significa realmente ser homem.” E menciona “o célebre aforismo de Simone de Beauvoir: ‘Não se nasce mulher; fazem-na mulher – On ne naît pas femme, on le devient’. Nestas palavras, manifesta-se o fundamento daquilo que hoje, sob o vocábulo ‘gender – gênero’, é apresentado como nova filosofia da sexualidade. De acordo com tal filosofia, o sexo já não é um dado originário da natureza que o homem deve aceitar e preencher pessoalmente de significado, mas uma função social que cada qual decide autonomamente, enquanto até agora era a sociedade quem a decidia. Salta aos olhos a profunda falsidade desta teoria e da revolução antropológica que lhe está subjacente. O homem contesta o fato de possuir uma natureza pré-constituída pela sua corporeidade, que caracteriza o ser humano. Nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como um facto pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria.”
E ainda, num outro momento, explicou lucidamente que:
     “A ideia de libertação – se pudermos chamar de liberdade o denominador fundamental da espiritualidade moderna e do nosso século – também se fundiu com a ideologia feminista. A mulher é considerada o ser oprimido por excelência; por essa razão, a libertação da mulher é o núcleo de toda atividade de libertação. Aqui se ultrapassou, por assim dizer, a teologia da libertação política com uma antropológica. Não se pensa apenas na libertação dos vínculos próprios ao papel da mulher, mas na libertação da condição biológica do ser humano. Distingue-se então o fenômeno biológico da sexualidade das suas expressões históricas, às quais se chama gênero, mas a revolução que se quer provocar contra toda forma histórica da sexualidade conduz a uma revolução que também é contra as condições biológicas; já não pode haver dados naturais; o Homem deve poder moldar-se arbitrariamente, deve ser livre de todos os condicionalismos do seu ser; ele próprio se torna o que quer, e só desse modo é realmente livre e está libertado. Por trás disso, encontramos uma revolta do homem contra os limites que o seu ser biológico envolve. Trata-se, por fim, de uma revolta contra a própria condição de criatura. O Homem deve ser o criador de si mesmo – uma nova edição, moderna, da velha tentativa de ser Deus, de ser como Deus”.
E acrescenta que:
     “Na luta pela família, está em jogo o próprio homem. E torna-se evidente que, onde Deus é negado, dissolve-se também a dignidade do homem. Quem defende Deus, defende o homem.”
Ideologias e abusos de poder
     As ideologias que se voltam contra o ser humano é uma constante na história, desde a Antiguidade até os dias de hoje. A Sagrada Escritura relata sistemas opressores que foram sucumbidos [Moisés diante do faraó é um exemplo clássico disso!], sistemas que fizeram as suas vítimas. Assim como hoje, as ideologias fazem as suas vítimas, por isso precisamos estar em sentinela, para evitar tais danos. Toda e qualquer ideologia, nesse sentido, é resultado de abusos do poder, e a história mostra as consequências dolorosas de tais abusos. Estive, ainda neste mês, na Polônia e pude constatar as evidências materiais expostas das vítimas que sofreram e morreram no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. Foi terrível a constatação de tanto sofrimento, decorrente de uma ideologia expressa numa das piores formas de totalitarismo. Mas enganam-se os que pensam que estamos imunes de tais formas de totalitarismos, porque hoje justamente tais ideologias – como a ideologia de gênero – pode favorecer um totalitarismo pior ainda, porque mais sutil e sofisticado, a vitimar o corpo e a alma daqueles que deixarem ser subjugados por tal ideologia.
     A própria Simone de Beauvoir entendeu que “a infância é a chave de toda existência”, por isso é que devemos proteger a infância, para que as nossas crianças não sejam as maiores vítimas dessa ideologia. Por isso, até mesmo dentro da Igreja, os ateus militantes querem acabar com a catequese, porque imbuídos de tais ideologias, querem minar a sã doutrina católica, porque sabem da força do cristianismo, para vencer tais ideologias.
     Sabemos pela história, do esforço de “desmantelamento do cristianismo pela filosofia crítica4, com “a ambição de mudar a realidade”, falseando-a com o idealismo, premissa de muitas destas ideologias, que adotam “premeditadamente a tática da ambiguidade”. A partir do mote “biologia não é destino”, para justificar que o “ser é fazer-se ser”, no referencial reducionista que descarta a realidade sobrenatural, para justificar a satisfação de todo prazer e de todo poder, porque só nesta lógica darwinista, desprovida de Deus, é possível o mais forte subjugar o mais fraco, para a satisfação de todos os desejos, de todas as transgressões e perversões.
     A lógica da ideologia de gênero é utópica, idealista e portanto irrealista, pois tem como objetivo final “a completa eliminação das diferenças sexuais nos seres humanos, como pressuposto para um ‘mundo novo’”, e “para isso se consegue eliminando o casamento e a família tradicional. Isso se consegue fazendo lésbicas homossexuais e bissexuais desde o berço. O sexo é unicamente para o prazer. As relações sexuais devem ser polimorfas e livres. O aborto, livre também. Tudo vale neste novo mundo do gênero”.
“Não nos deixeis cair em tentação”
     Sabemos também, enquanto cristãos, o que rezamos com a petição que fazemos no Pai Nosso: “e não nos deixemos cair em tentação”. E tais ideologias, dentre elas a perversa ideologia de gênero, é expressão de uma gravíssima tentação, que conduz a uma queda do ser, da sua humanidade, por isso a petição seguinte: “livrai-nos do mal”, justamente porque “o núcleo de toda tentação – isso se torna visível aqui – é colocar Deus de lado, o qual junto com às questões urgentes da nossa vida aparece como algo secundário”.
E mais, nos diz Bento XVI:
     “Pertence a essência da tentação o seu aspecto moral: ela não nos convida diretamente para o mal, isso seria grosseiro. Ela pretende mostrar o que é melhor para nós: pôr finalmente de lado as ilusões e dedicar-se de todas as formas à melhoria do mundo”32. É a utopia de todos os idealismos, assim com esta utopia, da satisfação total dos desejos, da transgressão total, tendo Deus “como uma ilusão: aqui está a tentação que de muitas formas hoje nos ameaça”.
     Com discernimento, que é dom do Espírito Santo, temos que aprofundar os nossos estudos dessa problemática, pela sua complexidade, para encontrar os meios adequados para uma evangelização que também não esteja imbuída desta ambiguidade, porque temos visto também, até mesmo entre católicos, uma dificuldade crescente de fazer com que a sã doutrina seja compreendida, por causa da ideologização da fé, e da instrumentalização da Igreja, em certos casos e por certos segmentos, também para fins contrários à fé cristã. A astúcia dos ideólogos vem permitindo que, até dentro da Igreja, por conta do relativismo, muitos deixem de dar a devida importância sobre essas questões que aqui estamos tratando, por justamente carecer de solidez doutrinal, capaz do discernimento que se faz necessário, em meio a todos esses desafios da atualidade. Muitas vezes, em decorrência da ideologização da fé, esvazia-se o conteúdo do que é essencial, e então, “os vocábulos da fé e da mensagem católica continuam a ser proferidos, mas com sentido totalmente diverso daquele que lhes é dado na autêntica teologia”. Por isso, um encontro como este permite alargarmos o horizonte, nesta partilha de informações, para que estejamos mais dispostos e convencidos do quanto urge não estarmos omissos diante dessas ameaças, e o quanto o nosso tempo vem exigindo de nós, reafirmar aquela decisão fundamental; “Escolhe, pois, a Vida!”
Prof. Hermes Rodrigues Nery é especialista em Bioética (pela PUC-RJ), Presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família.| 05 Novembro 2015